sábado, 5 de novembro de 2011

|Resenha| A Revolução dos Bichos


Título: A revolução dos Bichos
Título Original: Animal Farm: a Fairy Story
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2007
Páginas: 147
Sinopse:
Cansados da exploração a que são submetidos pelos humanos, os animais da Granja do Solar rebelam-se contra seus donos e tomam posse da fazenda, com o objetivo de instituir um sistema cooperativo e igualitário sob o slogan "Quatro pernas bom, Duas pernas ruim".
Mas não demora muito para que alguns bichos - em particular os mais inteligentes, os porcos - voltem a usufruir de privilégios, reinstituindo aos poucos um regime de opressão, agora inspirado no lema "Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros".
A história da insurreição libertária dos animais é reescrita de modo a justificar a nova tirania e os dissidentes desaparecem ou são silenciados à força.
Instrumentalizada na época da guerra Fria como arma anticomunista, A Revolução dos Bichos transcende os marcos históricos da ditadura stalinista que a inspirou e resplandece hoje, passados mais de sessenta anos de seu surgimento como uma das mais extraordinárias fábulas sobre o poder que a literatura já produziu.

Resenha:

Esse livro foi escrito em 1945 porque Orwell (pseudônimo de Eric Arthur Blair) queria mostrar, de um jeito simples e fácil de compreender, uma outra face do comunismo Russo. Ele até afirma que seu livro não tem grandes pretensões literárias além de passar a sua mensagem pros leitores.

Do pouco contato que teve com essa nova forma de regime pode perceber que estava longe de ser as mil maravilhas que a sociedade e imprensa inglesa (aliada da Rússia na 1ª Guerra Mundial) pintavam. Quis então contrariar o padrão e mostrar pra todos a sua visão dos fatos.

O livro é uma “fábula-sátira” (se esse termo existir, se aplica perfeitamente a situação) clara da revolução russa e seus personagens. Mostra desde o ápice da revolução, quando os rebeldes conquistam o território, até a opressão e o declínio daquela nova sociedade.

Major, um porco ancião, antes de morrer, coloca na mente de todos os animais da fazenda que é preciso que eles comecem uma revolução, não importa quando, mas tem que acontecer, porque o homem os usa para conseguir seu sustento, e eles, que trabalham muito, vivem na miséria.

“(...) - E lembrai-vos, camaradas, jamais deixai fraquejar vossa decisão. Nenhum argumento vos poderá desviar. Fechai os ouvidos quando vos disserem que o Homem e os animais têm interesses comuns, que a prosperidade de um é a prosperidade dos outros. É tudo mentira. O Homem não busca interesses que não os dele próprio. Que haja entre nós, animais, uma perfeita unidade, uma perfeita camaradagem na luta. Todos os homens são inimigos, todos os animais são camaradas.”
 - página 14
Mais cedo do que se esperava, isso acontece. Sob a máxima de “quatro pernas bom, duas pernas ruim” e “todos os bichos são iguais” os bichos colocam os humanos pra fora e assumem o controle da Granja do Solar que passa a se chamar Granja dos Bichos.
Criam mandamentos que implicam na igualdade dos bichos e na aversão a todo tipo de coisa que tivesse ligação com o Homem. Educam toda a população da granja.

Os porcos (que são os mais inteligentes) acabam ficando no poder, e com o tempo acaba virando uma tirania, onde quem se mostrava contra as decisões tomadas pelo governante, era assassinado.

Aos poucos, mostra uma aproximação entre porcos e Homens, que vai modificando os mandamentos iniciais e até a máxima que passa a ser “todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros

Fica claro ao leitor que o porco “Bola-de-Neve” representa Trotsky e que o porco “Napoleão” representa Stálin, enquanto o “Homem” representa o capitalismo. Entretanto pode ser comparado a praticamente todos os governos opressivos que já existiram na Terra.
Pra mim, essa fábula transcende o conteúdo da Revolução Russa e fala sobre o caráter das pessoas, suas atitudes e discursos quando são subordinadas e quando tem o poder sob as mãos. Mostra a corrupção do homem e seu egoísmo.
Confesso que não me animei muito quando minha ex-professora de geografia quis me emprestar esse livro (apesar da capa colorida), mas não me arrependi nem um pouco de ter lido. Pelo contrário, acho que essa deveria ser uma leitura obrigatória (não pra tornar as pessoas mais avessas ao comunismo, mas sim pra alertar as pessoas do abuso de poder, de seu governo e até de suas próprias atitudes).

Pra quem se interessa por história e pra quem não tá nem aí pra isso, fica essa boa dica aqui. =)