sexta-feira, 8 de junho de 2012

|Resenha| A Sombra do Vento

Título: A Sombra do Vento 
Subtítulo: O Cemitério dos Livros Esquecidos - Livro 01
Editora: Suma de Letras
Autor: Carlos Ruiz Zafón
Ano: 2007
Páginas: 400
Sinopse:
A Sombra do Vento é uma narrativa de ritmo eletrizante, escrita em uma prosa ora poética, ora irônica. O enredo mistura gêneros como o romance de aventuras de Alexandre Dumas, a novela gótica de Edgar Allan Poe e os folhetins amorosos de Victor Hugo. Ambientado na Barcelona franquista da primeira metade do século XX, entre os últimos raios de luz do modernismo e as trevas do pós-guerra, o romance de Zafón é uma obra sedutora, comovente e impossível de largar. Além de ser uma grandiosa homenagem ao poder místico dos livros, é um verdadeiro triunfo da arte de contar histórias.
Tudo começa em Barcelona, em 1945. Daniel Sempere está completando 11 anos. Ao ver o filho triste por não conseguir mais se lembrar do rosto da mãe já morta, seu pai lhe dá um presente inesquecível: em uma madrugada fantasmagórica, leva-o a um misterioso lugar no coração do centro histórico da cidade, o Cemitério dos Livros Esquecidos. O lugar, conhecido de poucos barceloneses, é uma biblioteca secreta e labiríntica que funciona como depósito para obras abandonadas pelo mundo, à espera de que alguém as descubra. É lá que Daniel encontra um exemplar de "A Sombra do Vento", do também barcelonês Julián Carax. O livro desperta no jovem e sensível Daniel um enorme fascínio por aquele autor desconhecido e sua obra, que ele descobre ser vasta. Obcecado, Daniel começa então uma busca pelos outros livros de Carax e, para sua surpresa, descobre que alguém vem queimando sistematicamente todos os exemplares de todos os livros que o autor já escreveu. Na verdade, o exemplar que Daniel tem em mãos pode ser o último existente. E ele logo irá entender que, se não descobrir a verdade sobre Julián Carax, ele e aqueles que ama poderão ter um destino terrível.

Resenha:

Daniel Sempere tinha onze anos quando seu pai o levou pela primeira vez ao Cemitério dos Livros Esquecidos - Uma biblioteca escondida no coração de Barcelona que continha exemplares há muito esquecidos por seus leitores. 

"Enquanto percorria túneis e túneis de livros na penumbra, não pude evitar que me invadisse uma sensação de tristeza e desânimo. Não podia evitar pensar que se eu, por puro acaso, tinha descoberto todo um universo num só livro desconhecido na infinidade daquela necrópole, dezenas de milhares de outros livros ficariam inexplorados, esquecidos para sempre. Senti-me rodeado por milhares de páginas abandonadas, de universos e almas sem dono, que se fundiam em um oceano de escuridão enquanto o mundo que palpitava do lado de fora daquelas paredes perdia a memória sem perceber, dia após dia, sentindo-se mais sábio quanto mais esquecia." 
- Página 64

Como tradição, é permitido que Daniel leve um livro apenas para se tornar o novo dono. É assim que Daniel se encontra com o livro "A Sombra do Vento" do misteriso autor Julián Carax, um livro que transformará para sempre sua vida.

"Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se  fortalece."   -Página 9

O garoto se apaixona pela trama do livro e fica obcecado pela história de seu criador, passando assim a percorrer uma jornada perigosa que pode custar a suia vida.
A história de Julián se mescla com a vida de Daniel de maneira inteligente e poética fazendo com que o enredo principal possua duas histórias separadas apenas por uma tênue linha.
Em sua jornada Daniel encontrará amigos preciosos e amores maravilhosos de onde menos espera, mas surpreendentemente da melhor maneira. Um personagem que achei altamente interessante foi Fermín Romero de Torres, com uma alegria de viver que nem mesmo as ruas foram capazes de tirar e uma filosofia de vida aplaudível.

“Malvadas não – observou Fermín. – Imbecis, o que não é a mesma coisa. O mal pressupõe uma determinação moral, intenção e certa inteligência. O imbecil ou selvagem não pára para pensar ou raciocinar. Age por instinto, como besta de estábulo, convencido de que está fazendo o bem, de que sempre tem razão e orgulho de sair fodendo, desculpe, tudo aquilo que lhe parece deferente dele próprio, seja em relação à cor, credo, idioma, nacionalidade ou, como no caso de dom Federico, pelos hábitos que tem nos momentos de ócio. O que faz falta no mundo é mais gente ruim de verdade e menos espertalhões limítrofes”
- página 129

Uma das coisas que mais me encanta nas obras de Zafón é a sua maneira única e  poética de escrever fazendo caber um romance tão doce em um livro de mistério, suspense, aventura e investigação. 

“A Sombra do Vento” é uma preciosidade da literatura. Uma obra embriagante, recomendada a leitores de todos os gêneros, mostrando a magia da literatura de maneira incrível. Definitivamente um dos meus livros favoritos ! (: